Shhhh... be quiet...

domingo, 18 de outubro de 2015.

Não consegui vê-lo. Estava escuro. O que me guiava era apenas seu perfume amadeirado, com um leve toque de dia de chuva. 

- Para onde está me levando?

Apenas o silêncio em resposta.  Segui em frente em passos cautelosos com medo de cair ou tropeçar em alguma coisa. Ia doer e odeio sentir dor. 

- Por que não fala comigo? 

Silêncio.
Abracei a mim mesma sentindo um breve veto gelado, esfregando minhas mãos em meus braços, na intenção de me aquecer. Continuei tagarelando, curiosa, tentando adivinhar para onde ele estava me levando. Nada mudava no local. A escuridão continuava total e minha paciência estava no limite.
Senti alguém colocando seus dedos em meus lábios. Dedos frios e magros como que para me silenciar, o que me irritou mais ainda. 
 Seguindo em frente sinto uma luz ao longe querendo deixar minha visão mais certa. Jurava que tinha visto um breve brilho no local. Conforme fui chegando perto eu fui fechando meus olhos para evitar a dor devido a forte luz que irradiava. Andando às cegas, sinto que chuto algo, ao mesmo tempo em que toco alguma coisa da minha altura.
Abri meus olhos devagar e visualizei a mim mesma, sorrindo vitoriosa, do outro lado do espelho. Ele estava atrás de mim, me abraçando com suas mãos horrendas e pecaminosas, alisando meu corpo por baixo da minha camisola enquanto levou um dos seus dedos em seus lábios, pedindo silêncio.


Nem todo pedido de silêncio deve ser preservado.

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